Transtorno Bipolar

O transtorno bipolar é um transtorno cerebral que causa oscilações fora do comum no humor, energia e na capacidade de funcionamento de uma pessoa. Diferentemente dos altos e baixos normais por que passam todas as pessoas, os sintomas do transtorno bipolar são mais complexos e graves. Eles podem ocasionar danos aos relacionamentos, desempenho insuficiente no trabalho ou na escola e até suicídio. A boa notícia é que o problema pode ser tratado e as pessoas portadoras dessa doença podem ter um aumento na qualidade de vida, contribuindo para um funcionamento mais produtivo.

Esse transtorno se manifesta tipicamente no final da adolescência ou início da idade adulta. Entretanto, algumas pessoas têm seus primeiros sintomas durante a infância e outras os apresentam mais tarde. Muitas vezes ele não é reconhecido como doença e as pessoas podem portar a condição anos a fio antes, que ela seja corretamente diagnosticada e tratada. Assim como o diabetes ou as doenças cardíacas, o transtorno bipolar é uma doença de duração longa, que tem de ser controlada cuidadosamente durante a vida da pessoa.

O transtorno bipolar causa oscilações dramáticas no humor que vão desde euforia e/ou irritação, até tristeza e desespero. Alterações graves na energia e no comportamento acompanham essas alterações do humor. Os períodos de altos e baixos são denominados respectivamente episódios de mania e depressão. Um episódio maníaco é diagnosticado, se o humor elevado ocorrer em associação a três ou mais sintomas, na maior parte do dia, quase todos os dias, por uma semana ou mais. Se o humor for de irritação, quatro sintomas adicionais devem estar presentes. Já o episódio depressivo é diagnosticado, se cinco ou mais desses sintomas durarem a maior parte do dia, quase todos os dias, por um período de duas semanas ou mais.


Os principais sintomas da fase de mania/euforia incluem:

  • Energia e atividade aumentadas, assim como inquietação;
  • Humor excessivamente “elevado”, bom demais, eufórico;
  • Irritabilidade extrema;
  • Pensamento acelerado e falar muito e rapidamente, pulando de uma ideia para outra;
  • Falta de concentração;
  • Pouca necessidade de sono;
  • Crença supervalorizada das próprias capacidades e poderes;
  • Juízo crítico deficiente;
  • Gastos excessivos;
  • Um período longo de comportamento que difere do habitual;
  • Aumento do impulso sexual;
  • Abuso de drogas, especialmente cocaína, álcool e medicações para dormir;
  • Comportamento provocador, invasivo ou agressivo;

Os principais sintomas do quadro depressivo:

  • Negação de que há alguma coisa errada, humor triste, ansioso ou vazio duradouro;
  • Sentimentos de desespero ou pessimismo;
  • Sentimentos de culpa ou impotência;
  • Perda do interesse ou prazer em atividades que eram anteriormente apreciadas, incluindo sexo;
  • Diminuição da energia, uma sensação de fadiga ou de estar “devagar”;
  • Alteração no apetite e/ou perda ou ganho de peso não intencional;
  • Dores crônicas ou outros sintomas corporais persistentes que não são causados por doenças ou lesões físicas;
  • Ideias de morte ou suicídio ou tentativas de suicídio;

 

Um nível leve a moderado de mania é denominado hipomania. A hipomania pode fazer a pessoa que a vivencia se sentir bem e pode até mesmo se associar a um bom funcionamento e a uma produtividade aumentada. Assim, mesmo quando familiares e amigos aprendem a reconhecer as oscilações do humor como um possível transtorno bipolar, a pessoa pode negar que há alguma coisa errada. A doença pode cronificar, agravar e evoluir de forma drástica.

Assim como outras doenças mentais, o transtorno bipolar ainda não pode ser identificado por um teste sanguíneo ou a aquisição de imagens do cérebro. Por esta razão, o diagnóstico é feito com base nos sintomas, evolução da doença e história familiar. A característica genética é marcante e o transtorno bipolar é certamente a doença mais hereditária da psiquiatria.

Cientistas afirmam que não há uma causa única para o transtorno bipolar, mas são fatores que atuam juntos produzindo a doença. É provável que muitos genes diferentes atuem juntos, e em combinação a outros fatores da pessoa ou de seu ambiente, para causar o transtorno bipolar.

Pessoas com transtorno bipolar, até os casos mais graves, podem obter uma estabilização considerável das oscilações do humor e dos sintomas, com o tratamento adequado. Uma estratégia que combine medicação e tratamento psicossocial é ótima para o controle ao longo do tempo. Cooperar estreitamente com o médico e comunicar-se francamente quanto a dúvidas e opções relativas ao tratamento pode fazer diferença na eficácia. Além disso, manter um registro dos sintomas afetivos diários, tratamentos, padrões de sono e eventos vitais pode ajudar pessoas com transtorno bipolar e seus familiares a compreender melhor a doença. Esse registro também pode ajudar o médico a acompanhar e tratar mais eficazmente a doença.

Como adição à medicação, os tratamentos psicossociais, incluindo certas formas de psicoterapia, são úteis para dar apoio, informação e orientação a pessoas com transtorno bipolar e seus familiares. Os estudos mostraram que as intervenções psicossociais podem ocasionar maior estabilidade do humor, menos hospitalizações e um melhor funcionamento em diversas áreas. Um psicólogo provê tipicamente essas terapias e, muitas vezes, trabalha junto com o psiquiatra no monitoramento do progresso do paciente. São exemplos dessas terapias, a cognitiva comportamental (que ajuda as pessoas a aprender, modificar padrões de pensamento e comportamentos inadequados ou negativos associados à doença) e a psicoeducação, (que envolve ensinar as pessoas a respeito da doença e seu tratamento e como reconhecer os sinais de recidiva, de modo que se possa procurar uma intervenção imediata, antes que ocorra um episódio franco da doença). É importante que se diga que, uma vez com o diagnóstico, o tratamento é definitivo.

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Dr. Leandro Franco Médico Psiquiatra. Atendimento em Icarai, Niterói e Catete, Rio de Janeiro.
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